Transformação no Diagnóstico da Obesidade

Em uma importante atualização publicada nesta terça-feira (14), especialistas de todo o mundo estão defendendo mudanças significativas nos parâmetros utilizados para diagnosticar a obesidade. A comissão, formada por 58 especialistas, incluindo cirurgiões da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), concluiu que o Índice de Massa Corporal (IMC) não será mais o único critério a ser considerado na definição de obesidade clínica.

Com o apoio da renomada revista científica The Lancet, novas diretrizes foram propostas para diagnosticar a obesidade, reconhecendo-a como uma doença crônica e contínua, e não apenas um fator de risco. Os especialistas identificaram 18 sinais que podem indicar a presença de obesidade como uma doença em adultos, e 13 sinais para crianças e adolescentes.

A publicação da Lancet Diabetes & Endocrinology Commission distingue entre obesidade clínica e obesidade pré-clínica, considerando a presença ou ausência de manifestações clínicas objetivas de disfunção orgânica. Para alcançar consenso sobre critérios diagnósticos, foi utilizado o método Delphi, que enfatiza a necessidade de confirmar o excesso de gordura além do IMC, levando em conta as limitações nas atividades diárias.

O documento também apresenta recomendações para clínicos e formuladores de políticas públicas, focando na prevenção e tratamento baseado em evidências. Juliano Canavarros, presidente da SBCBM, destaca que a redefinição proposta é um marco na compreensão e manejo da obesidade. Ele explica que, ao diferenciar obesidade pré-clínica e obesidade clínica, os novos critérios reconhecem que o excesso de adiposidade pode se manifestar de formas distintas.

"A Obesidade Pré-Clínica define o excesso de gordura corporal sem evidências de disfunção orgânica, mas com risco aumentado de progressão para doenças crônicas, enquanto a Obesidade Clínica é caracterizada como uma doença sistêmica crônica, com disfunções funcionais em órgãos e tecidos, incluindo alterações metabólicas, cardiovasculares e estruturais", afirma Canavarros.

Esses novos critérios de avaliação trazem vantagens, como a inclusão de métodos como circunferência abdominal, razão cintura-quadril e medidas diretas de adiposidade, permitindo uma avaliação mais precisa do impacto da obesidade na saúde. Essa abordagem ajuda a evitar tanto o subdiagnóstico em pessoas com IMC normal e alta adiposidade, quanto o sobrediagnóstico em atletas com alta massa muscular.

Além disso, a nova definição combate a ideia de que a obesidade é apenas uma falha de comportamento ou estilo de vida, reconhecendo-a como uma condição multifatorial e sistêmica. Isso promove um cuidado mais humanizado, com redução do estigma associado à condição. "Esses avanços representam uma oportunidade para transformarmos a forma como abordamos a obesidade em nossos sistemas de saúde", conclui Canavarros.

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