Uma nova declaração de posicionamento da International Diabetes Federation (IDF) recomenda o uso de um teste oral de tolerância à glicose (TOTG) de uma hora, com administração de 75 g de glicose, para melhorar a identificação de pessoas em risco de evoluir para diabetes tipo 2.

“Há muitas, muitas pessoas que podem parecer ‘normais’ usando como referência a hemoglobina glicada (A1c) ou a glicemia em jejum, mas se forem submetidas a um teste oral de tolerância à glicose, podem ter alterações após uma carga de glicose… Descobriu-se que a glicose plasmática de uma hora é um biomarcador mais sensível para a identificação precoce desses indivíduos de alto risco”, disse em entrevista ao Medscape o primeiro autor do estudo, Dr. Michael Bergman, médico e professor de medicina e saúde populacional na New York University Grossman School of Medicine, nos Estados Unidos.

O Dr. Michael apresentou o documento — escrito por um painel de especialistas internacionais de 22 membros — em 6 de março de 2024, na International Conference on Advanced Technologies and Treatments for Diabetes (ATTD). O documento foi publicado simultaneamente no periódico Diabetes Research and Clinical Practice.

Este é o algoritmo de rastreamento proposto pela IDF para “hiperglicemia intermediária” e diabetes tipo 2:

  • Pessoas de alto risco são primeiramente avaliadas com um questionário validado, como o FINDRISK ou a ferramenta de rastreamento de risco da American Diabetes Association (ADA).
  • Pessoas identificadas como de alto risco devem ser submetidas a rastreamento laboratorial com um TOTG de 75 g em uma hora (embora um teste de duas horas, a glicemia de jejum ou a A1c, conforme recomendado atualmente por diversas organizações, ainda sejam considerados aceitáveis).
  • Pessoas com valor de glicose plasmática em uma hora igual ou superior a 155 mg/dL são consideradas como tendo hiperglicemia intermediária e devem receber prescrição de intervenção no estilo de vida e encaminhamento para um programa de prevenção de diabetes.
  • Aquelas com valor maior ou igual a 209 mg/dL em uma hora são consideradas portadoras de diabetes tipo 2 e devem repetir o teste para confirmar o diagnóstico, com encaminhamento para avaliação adicional e tratamento.

nova orientação se baseia em evidências crescentes de que o teste de uma hora é um melhor preditor do que outros testes, como o de duas horas, da evolução para diabetes tipo 2 e suas complicações associadas em diversas populações. O documento cita dados que mostram que uma glicemia plasmática de 155 mg/dL ou superior no exame de uma hora após 75 g de glicose pode identificar pessoas com diabetes tipo 2 não diagnosticado ou que estão em risco aumentado, mas que têm tolerância “normal” à glicose, definida por uma A1c < 5,7%, uma glicemia plasmática em jejum < 100 mg/dL ou um valor de duas horas abaixo de 140 mg/dL.

No entanto, embora um teste de uma hora possa ser mais conveniente do que o tradicional de duas horas, a incorporação do TOTG na já atribulada prática clínica ainda pode representar problemas logísticos e pode não melhorar os resultados, disse ao Medscape a Dra. Elizabeth Selvin, Ph.D., da Johns Hopkins University Bloomberg School of Public Health, nos Estados Unidos. “Tenho receio de que a ênfase em um exame oneroso não vá melhorar o rastreamento ou a prevenção do diabetes. Fazer mais rastreamentos de glicemia de uma hora não vai atrair mais pessoas para programas de prevenção do diabetes”.

FONTE: medscape.com


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